Feliz Ano Novo

Pode parecer surpreendente, mas nós comemaramos o ano novo agora, quase três meses depois do celebrado pelo calendário Gregoriano. A verdade é que a data primeiro de janeiro, que marca o início de um novo ano, é extremamente arbitrária e artificial. O certo é fazer coincidir o princípio do ano com o início da primavera, inaugurando assim o ciclo das estações.
Como sabemos, o primeiro dia de primavera é também o primeiro dia em que começa o primeiro signo do zodíaco solar: "Áries". Baseados neste fato, muitos cultos e sociedades esotéricas, marcam o dia 21 de março como início de seu calendário, assim, o ano segue um processo natural tanto na sua seqüência estacional como na seqüência zodiacal. Desta maneira acompanham os esquemas das antigas tradições européias, especialmente no que concerne aos cultos sagrados. Os dias que antecediam ao equinócio vernal (entrada da primavera) eram considerados, na antiguidade, como os dias de purificação.
Um símbolo que deveria estar relacionado com esta celebração é o da roda. O valor da roda é o de lembrar um processo cíclico, neste caso a roda das estações ou a roda do zodíaco, que como já dissemos, se inicia nesta data. Ela trás em si o significado oculto da renovação, do começo de um ciclo novo com toda uma série de novas possibilidades. A natureza renasce, o mundo revive a força ativa que estava adormecida no silêncio do inverno, é o despertar de um novo para a vida.
Esta celebração se faz, quando é possível, ao ar livre. Basta colocar sobre o altar um disco ou uma roda de 8 raios,que é um símbolo arcaico da natureza, que está vinculada a um sem número de chaves dentro do conhecimento oculto. Os antigos druidas a adoravam igualmente, eles abriam 8 portas cósmicas ao longo do ano, o que relacionaria igualmente o ciclo, ou a roda, com a idéia de uma divisão óctupla. No cristianismo, surgiram ao redor deste eixo equinocial toda una série de festividades que colocam em destaque o ciclo pascoal. É também curioso comprovar que as celebrações do mês de maio, em pleno esplendor da primavera e da natureza, sucedam exatamente quarenta dias depois do dia 21 de março, sendo a quarentena o tempo de descanso necessário depois do parto, fato que nos permite associar esta festividade com o parto da mãe natureza. Nossa páscoa conserva alguns vestígios desta mescla. O primeiro ligado ao equinócio de primavera, o ovo do mundo está a ponto de abrir-se e gerar, bem no momento em que se manifesta a deusa Ostara (pascoa), em alemão Ostern e em inglês Eastern, ou seja, a que vem do Este.
Na América se manteve a tradição de dar ovos na Páscoa. Mas, com a chegada dos novos tempos o ovo real foi sendo substituído por sua reprodução em chocolate, alegrando adultos e crianças. Porém, porque um ovo? A razão está em seu valor simbólico, o ovo é símbolo daquilo que ainda não existe, porém, que contém em seu interior, a essência da vida prestes a se manifestar. É igual a uma semente que contém aquilo que deverá germinar e crescer a partir dela. A semente, o ovo, o óvulo e a bolsa que se forma dentro da mãe tem o mesmo simbolismo, o daquilo que permanecia submergido na noite (a terra, a casca, o inverno, a não existência, ...) e de repente brota para a vida.
Vemos desta maneira, que a sabedoria da tradição humana, regulou por milênios o comportamento dos homens procurando mantê-los sintonizados com os ciclos vitais da mãe natureza.. Agiam assim em todos os detalhes, da limpeza preliminar e dos preparativos, à celebração ritualística, tudo no devido momento em que toda a natureza enche-se do espírito da fertilidade.